a noite sobe
aos ramos mais altos
e canta
o êxtase do dia.
Poema de Eugénio de Andrade (1923-2005) com imagem de Van Gogh.
e canta
o êxtase do dia.
Poema de Eugénio de Andrade (1923-2005) com imagem de Van Gogh.
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
Poema de José Saramago com imagem de Alexander Moldavanov.
A frase é de José Saramago, nascido há cem anos (16/11/1922).
As palavras são de Sophia Mello Breyner Andresen com imagem de Hokusai.
Fim - o que resta é sempre o princípio de alguma coisa feliz.
A frase é de Agustina Bessa-Luís, que nasceu há 100 anos, a 15 de outubro, em Vila Meã, Amarante.A frase é de Lygia Fagundes Telles (1923-2022).