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terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Cartas de amor

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas. As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas. Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

Poema de Fernando Pessoa com imagem de Almada Negreiros

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

No coração

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

Poema de Álvaro de Campos com imagem de Eric Fischer.

 

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Lágrimas de Portugal

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

O poema é de Fernando Pessoa e a imagem de José Malhoa.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Um beijo

Dei-lhe um beijo ao pé da boca
Por a boca se esquivar.
A ideia talvez foi louca,
O mal foi não acertar.

 Poema de Fernando Pessoa com imagem de René Magritte, no Dia Mundial do Beijo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

O inverno da vida

Quando Está Frio no Tempo do Frio

Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,
Porque para o meu ser adequado à existência das cousas
O natural é o agradável só por ser natural.

Aceito as dificuldades da vida porque são o destino,
Como aceito o frio excessivo no alto do Inverno —
Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita,
E encontra uma alegria no fato de aceitar —
No fato sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.

Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o Inverno da minha pessoa e da minha vida?
O Inverno irregular, cujas leis de aparecimento desconheço,
Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime,
Da mesma inevitável exterioridade a mim,
Que o calor da terra no alto do Verão
E o frio da terra no cimo do Inverno.

Aceito por personalidade.
Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos,
Mas nunca ao erro de querer compreender demais,
Nunca ao erro de querer compreender só corri a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do Mundo
Que fosse qualquer cousa que não fosse o Mundo.

Poema de Alberto Caeiro com ilustração de Norman Rockwell.

 

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Infância

Quando as crianças brincam
E eu as oiço brincar, 
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar.

E toda aquela infância
Que não tive me vem, 
Numa onda de alegria 
Que não foi de ninguém.

Se quem fui é enigma, 
E quem serei visão, 
Quem sou ao menos sinta 
Isto no coração.

Poesia de Fernando Pessoa e imagem de Jim Daly.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Pátria

E hoje, primeiro Dia Mundial da Língua Portuguesa, não podíamos esquecer Fernando Pessoa.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Outono



Uma névoa de Outono o ar raro vela
 
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
 
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
 
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta               [...]

Poema de Fernando Pessoa, lido aqui.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

O beijo

Eu não sei senão amar-te,
Nasci para te querer.
Ó quem me dera beijar-te,
E beijar-te até morrer.

A quadra é de Fernando Pessoa e a foto de Robert Doisneau ,para comemorar o Dia do Beijo.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Desassossego na Biblioteca

Amanhã, às 18 e 30, na Biblioteca Nacional, uma conferência sobre Fernando Pessoa e o Livro do Desassossego.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

A aranha do destino

A aranha do meu destino 
Faz teias de eu não pensar.
Não soube o que era em menino,
Sou adulto sem o achar.
É que a teia, de espalhada
Apanhou-me o querer ir...
Sou uma vida baloiçada
Na consciência de existir.
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte.

Recordar Pessoa, 126 anos depois do seu nascimento.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Outono

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.


Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta.
As palavras são de Fernando Pessoa. A imagem é de Alexander Helwig Wyant, um pintor americano do séc. XIX.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Pessoa na rede

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Estes são os versos da "Tabacaria" mais citados nas redes sociais. A conclusão é de "O mundo em Pessoa" que podes ver aqui
Segundo o estudo da Sapo Labs com a Universidade de Lisboa, Fernando Pessoa é o poeta português mais conhecido na net.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

Manjericos de Santo


Manjerico que te deram,
Amor que te querem dar...
Recebeste o manjerico.
O amor fica a esperar.

Manjerico, manjerico,
Manjerico que te dei,
A tristeza com que fico
Inda amanhã a terei.

Santo António de Lisboa
Era um grande pregador,
Mas é por ser Santo António
Que as moças lhe têm amor.

A propósito de Santo António e dos majericos populares, aqui ficam umas quadras de Fernando Pessoa

terça-feira, 11 de junho de 2013

Cartas de amor

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram

Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
 

Poema de Álvaro de Campos, bem a propósito do lançamento do livro "Fernando Pessoa & Ofélia Queiroz: correspondência amorosa 1919-1935", coordenado por Richard Zenith.

Desassossego

Aproveitando a comemoração dos 125 anos do nascimento do poeta, começa hoje na Casa Fernando Pessoa o Festival do Desassossego. O programa pode ser consultado aqui.

sábado, 1 de junho de 2013

Crianças


Quando as crianças brincam
E eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar.

E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.

Se quem fui é enigma,
E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no coração.

As  palavras são de Fernando Pessoa e a ilustração de Emmanuelle Colin.