Guia da BE

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Melhores leitores

Parabéns a todos os leitores da BE!
Boas leituras e até setembro.

Dia de verão


Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...

Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?

Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...

Poema de Alberto Caeiro e imagem de Mikhail Gorban.

Dias de verão



No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...

Ah!, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos...

Mas Graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma coisa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma coisa a menos,
E deve haver muita coisa
Para termos muito que ver e ouvir...

O poema é de Alberto Caeiro e a imagem de Van Gogh.

Dias de poesia

Começa já hoje, na Casa Fernando Pessoa, "Lisbos Revisited", um programa de conversas e leituras, com poetas de diferentes lugares. Podes saber mais aqui.

Viver

Fernando Pessoa nasceu há 130 anos.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

As amoras de verão


As amoras
O meu país sabe às amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

O poema é de Eugénio de Andrade e a pintura de Myles Birket Foster.

Escritor desaparecido

Escrevia sobre o mundo dos restaurantes de forma irreverente, com verve e bom humor. Era também o cozinheiro que achava que a cozinha simples era muitas vezes a melhor.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Festival Literário Internacional do Interior

É já na próxima semana o Festival Literário Internacional do Interior, em regiões afetadas pelos fogos de 2017.
Podes saber mais aqui.

Jornal de Notícias

Há 130 anos a dar notícias. Parabéns!


Água cega

Levarás pela mão
o menino até o rio.
Dir-lhe-ás que a água é cega e surda.
Muda, não. Que o digam os peixes,
que em silencio com ela
sustentam seu diálogo líquido,
de líquidas sílabas
de submersas vogais.


A imagem é do pintor holandês Ralf Heynen e o poema é de Albano Martins, poeta falecido ontem.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

É preciso fazer um desenho?

A Festa da Ilustração de Setúbal 2018 já começou. Há várias exposições para ver. Podes saber mais sobre os artistas deste evento aqui.

Água de junho

A água de junho bem chovidinha, na meda faz farinha.


Provérbio popular e imagem de Van Gogh.