Guia da BE

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Outono

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.


Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta.
As palavras são de Fernando Pessoa. A imagem é de Alexander Helwig Wyant, um pintor americano do séc. XIX.

Sem comentários:

Enviar um comentário